Mais de 48,5 milhões de estudantes frequentam o ensino básico no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) – juntos, os alunos do País lotariam 617 vezes o estádio do Maracanã. Os números gigantes da educação brasileira também valem para quando o assunto são startups: hoje, o setor é o maior do País em empresas novatas de tecnologia, segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups). Ao todo, há 748 edtechs no País – o apelido é dado a empresas de tecnologia voltadas para educação.

Algumas delas têm registrado crescimento acelerado: é o caso da Quero Educação, de São José dos Campos (SP). No último ano, a empresa saltou de 400 pessoas para 700 pessoas. A Quero é dona de uma plataforma que auxilia pais a acharem escolas de custo acessível, com facilidade de pagamento e descontos de até 70%. “Começamos focados no ensino superior, mas estamos verticalizando a operação para atender a qualquer tipo de curso”, diz Bernardo de Pádua, presidente da startup.

Fundada em 2012, a empresa ganha dinheiro ao receber uma fatia de cada mensalidade paga por meio de sua plataforma. Hoje, já tem mais de 500 mil estudantes matriculados. “Em dois anos, queremos chegar a outros países, começando a expansão pela América Latina”, diz Pádua, que ganha cerca de 35 novos funcionários por mês.

Outra empresa que tem se destacado no setor é a Descomplica, uma instituição de ensino digital que tem mais de 500 mil assinantes no País – eles pagam a partir de R$ 9,90 por mês para acesso ilimitado a aulas e ferramentas de estudo online.

Fundada em 2011 pelo professor de física Marco Fisbhen, a startup ficou famosa pelos conteúdos voltados ao Enem, mas hoje também fornece materiais para concursos e aulas de pós-graduação online. Todos os professores da empresa são contratados. Nos últimos anos, a startup levantou US$ 32,5 milhões em quatro rodadas de investimento. “Temos o desafio de conseguir cada vez mais alunos e mudar a reputação do ensino online no Brasil, que não é muito bem vista”, diz o fundador da Descomplica.

Tanto a Quero Educação quanto a Descomplica oferecem serviços voltados ao público final, sejam eles pais ou alunos. “É um tipo de empresa que tem uma entrada maior nesse setor, que não precisa necessariamente passar pelos obstáculos de vender um produto para as escolas, sejam particulares ou públicas”, afirma Lucia Dellagnelo, diretora presidente do Centro de Inovação para Educação (Cieb). Por outro lado, segundo especialistas, apostar no público final é um caminho mais tortuoso, uma vez que, para gerar receita, as empresas precisam investir mais em marketing e divulgação.

Startups também tentam entrar na rotina das escolas

Algumas startups brasileiras, entretanto, tentam entrar na rotina das instituições de ensino. A Agenda.Edu, por exemplo, oferece uma agenda digital para mediar a comunicação entre escolas, pais e alunos, com comunicados escolares e avisos de lição de casa, por exemplo. “Um dos sócios perdeu um bilhete escolar e não comprou uma máscara de carnaval para a filha. A criança foi a única da sala que ficou sem o adereço. Daí surgiu a startup”, conta o presidente executivo da empresa, Anderson Morais.

Para Morais, um dos grandes desafios da Agenda.Edu é mostrar a importância do serviço para as instituições. “Muitas vezes a escola tem receio de inovar. É preciso ter uma mudança de cultura”, afirma o executivo. A Agenda.Edu tem parceria com 1,8 mil escolas e sistemas de ensino, incluindo nomes como a britânica Pearson.

Leo Gmeiner, diretor do Comitê de Edtech da ABStartups, diz que existe desconhecimento das escolas sobre o universo das startups. “É preciso desmistificar a tecnologia”, afirma. “Além disso, o gestor da escola pode até estar aberto para receber inovação, mas não necessariamente tem tempo para fazer acontecer.”

Quem também aposta em uma solução para facilitar o dia a dia das escolas é a Eskolare – dona de uma loja online que faz a ponte entre pais e fornecedores de produtos e serviços como uniformes, material escolar e até adereços para festas de fim de ano. “No site, os pais acessam uma vitrine personalizada do aluno, vinculada à instituição de ensino”, diz o fundador Erick Moutinho. Hoje, mais de 200 escolas particulares já usam o serviço da Eskolare.

Atender o setor público é desafio

Entrar no setor público – onde estão praticamente quatro em cada cinco alunos do ensino básico no País – é um desafio. É também um obstáculo do setor, que precisa desse público para ganhar escala – um desafio que outros segmentos de startups já conseguiram superar. “Há muitas startups gerando inovação, mas que não conseguem ser incorporadas nas escolas públicas”, diz Lucia, do Cieb. “A burocracia das compras públicas, feitas pelas Secretarias da Educação são enormes”, diz a diretora.

Um caminho é a cessão gratuita do software para testes em escolas. É o que fez a Agenda Edu. “Sabíamos do desafio de lidar com governos, então fizemos convênios com algumas escolas e buscamos um modelo de negócio viável”, diz o presidente executivo da startup.

Mas, para especialistas, não basta só apostar na tecnologia para salvar a educação brasileira. “É preciso saber como usar a ferramenta e para quê. Também é necessário que professores e gestores tenham competência digital”, afirma a diretora do Cieb. “Se usada de forma multidimensional, a tecnologia pode melhorar a qualidade e a equidade do ensino, e não só deixar a escola mais legal.”

Fonte: Terra

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