Startups em qualquer lugar do mundo precisam ser validadas pelo mercado. O que não é nada fácil. No Brasil, uma iniciativa de uma gigante em soluções e plataformas de tecnologia, a Cisco, opera seu Centro de Co-Inovação (COI), que fica no Rio de Janeiro e foi o segundo no estilo a surgir no mundo – hoje são 14 em 12 países -, é encarada como vitrine privilegiada para quem precisa conquistar reconhecimento.
Pelo COI, já passaram pelo menos 50 startups, cujas inovações estão conectadas a projetos com DNA da Cisco e seus principais parceiros ou empresas nascentes que a gigante norte-americana comprou. Segundo o diretor do COI, Eugenio Pimenta, o ambiente aproxima clientes de soluções nas áreas que compõem o centro, que vão da educação, saúde, varejo, indústria a transportes a soluções pata cidades inteligentes. Os conceitos encontrados no COI passam pelo uso da chamada internet das coisas (IOT), com disseminação de sensores e outras plataformas para captação de dados e gerar conhecimento e aplicações.
Para impulso na relação com startups, a Cisco lançou em março um braço para investimento na área, chamado de Decibel. Pimenta destaca que o centro dá suporte à toda a América Latina e reúne experiências e desenvolvimento de soluções. A engenheira e arquiteta de soluções Ana Lúcia de Faria, que atua no COI, ressalta que o centro gera mais impactos, principalmente aos clientes que visitam a estrutura e ainda associam a Cisco a um cenário de componentes para datacenter.
“Eles não vão ver isso. Eles percebem que temos muito mais aplicações. A gente costuma dizer que este ambiente abre a cabeça dos nossos clientes para novas possibilidades da inovação”, observa Ana. Por ano, mais de 1,5 mil empresas conhecem o centro. O diretor da Eyllo, que oferta soluções em realidade estendida para ambientes industriais, Enylton Machado, diz que a empresa usa equipamentos da Cisco para compor o suporte às empresas e fazer transmissão em tempo real. Assim, ajudamos os técnicos a fazer a atividade na indústria de forma rápida”, ilustra.
A atuação no COI permite acessar a arquitetos de desenvolvimento e ainda a canais de distribuição com alcance mundial. “O que seria difícil devido ao nosso tamanho.” Gustavo Nascimento, diretor de operações da Phygitall, que atua com rastreadores usando a Lora – que é um dispositivo para longo alcance e custo mais baixo -, teve acesso a clientes da Cisco de grande porte para aplicar a solução. “O IOT é estratégico no processo de transformação digital, e não há como entregar solução ponta a ponta sem parceiros”, arremata sobre a conexão no COI.
Geraldo Dutra, diretor executivo da Instale Tecnologia, compara a conexão com a Cisco como um efeito foguete, devido ao impulso para novas possibilidades de mercado. Apesar de estar há 13 anos no mercado com soluções para transporte de ativos, com foco em mineração e construção, a Instale obteve maior salto no acesso a clientes de porte depois da inserção nos canais da companhia.
No COI, a empresa mostra seu painel para monitorar as movimentações da operação dos clientes. Uma das novidades ‘inserir o monitoramento d pessoas m minas, tema que ganhou mas relevância com as tragédias envolvendo Mariana e Brumadinho. “É como um processo de aceleração. A Cisco traz o negócio e o que vem atrás fica viável”, resume Dutra.
‘Brasil precisa investir em startups e educação’, alerta presidente da companhia
O Brasil tem dois gargalos que se tornam barreiras reais para “vencer na era digital” e estão no baixo investimento no ecossistema de startups e em educação, advertiu o presidente da Cisco no Brasil, Laércio Albuquerque, em teleconferência para jornalistas da América Latina no Rio de Janeiro.
Albuquerque explicou que na área da educação o maior gargalo não é mais aportes em sistema, mas “como preparar a população para poder aproveitar os empregos do futuro”, definiu o CEO. A situação do Brasil nos dois itens citados pelo executivo aparece em um relatório que a companhia de tecnologia formatou sobre como 118 países estão se preparando para encarar a era digital.
Albuquerque diz que são analisados oito pontos para chegar a um veredicto dos países. “Nenhum país da América Latina está no nível mais alto. Terão de investir para crescer”, reforça o CEO. “Quando falo com governos e ministros (no Brasil), digo que precisamos investir nestes dois pontos: startups e educação”, comentou o executivo.
Uma das características da Cisco é investir e fazer aquisições de startups e empresas que inovam. O forte é o que chamam de parcerias. O diretor do Centro de Co-Inovação (COI), Eugenio Pimenta, comentou que, em março, a empresa criou no Brasil uma empresa de venture capital, a Decibel, para poder incrementar os investimentos para startps.