No meu primeiro emprego como desenvolvedor em meados de 2000, a empresa ainda controlava todas as suas contas em planilhas do Excel.

Isso causava uma série de transtornos à empresa como perda de informações, inconsistências, cálculos errados que geravam falsos indicadores, e por ai vai. Muitas vezes tínhamos que recorrer à rotina de recuperação de backup feita em Zip Drive! Deu pra perceber o caos?

Existia fórmula pra tudo quanto é lado, e sempre vulnerável a um clique errado do usuário. Sem contar que quando o CEO da empresa precisava de algum indicador financeiro mais complexo, eu tinha que recorrer a programação de macro no Excel!

A empresa também utilizava um software desenvolvido internamente só pra fazer o faturamento, impressão de boletos e notas fiscais. E a cada faturamento as informações desse software eram lançadas manualmente nas planilhas financeiras.

Os desafios ao desenvolver um software de gestão para várias empresas.

Então finalmente a empresa decidiu que deveríamos desenvolver um software para substituir as planilhas e integrar a gestão com o faturamento da empresa. Mas ainda tinha mais uma “coisinha”, o software deveria ser flexível para que outras empresas também pudessem utilizá-lo, e assim seria mais um produto que a empresa pudesse oferecer.

Só o fato do software ter fluxo de caixa, movimentação bancária, resultados financeiros, contas a pagar, contas a receber e ainda realizar o faturamento da empresa, já era um grande desafio pra mim que até então tinha poucos softwares desenvolvidos no currículo.

Mas com certeza o meu maior desafio foi fazer um software genérico e flexível para ser utilizado por outras empresas. Para isso nós adotamos a seguinte solução:

1 – O software foi desenvolvido em módulos separados que compartilhavam a mesma base de dados (não existia micro-serviços na época). Dessa forma dependendo da empresa daria pra “ligar” os módulos que ela utilizava e “desligar” os módulos que ela não usaria.

Módulos do Software

Módulos do Software

2 – Elaboramos um plano de contas com 4 níveis e customizável conforme a necessidade da empresa. Para chegar nisso tive várias conversas e discussões sobre plano de contas gerenciais e contábeis com o CEO da empresa e também com o nosso contador.

Parte do Plano de Contas

Parte do Plano de Contas

Lições aprendidas com o desenvolvimento do software de gestão.

O que foi ruim: Entender e personalizar o plano de contas acabou ficando muito complexo. Hoje eu percebo que deveríamos ter focado o software em pelo menos um segmento de mercado, isso iria torná-lo mais acessível e entendível para o usuário além de facilitar a manutenibilidade do software.

O que foi bom: Tive que conhecer todos os setores da empresa, conversar com pessoas de áreas diferentes e também pesquisar sobre a contabilidade do negócio. Isso enriqueceu muito o meu conhecimento não só sobre gestão de empresas de software, mas também sobre outros tipos de empresas.