Os consumidores brasileiros, ironicamente, estão cada vez mais procurando o físico para receber uma encomenda digital – basta ver encomendas sendo retiradas em lojas como as da rede Magazine Luiza. A startup Pegaki pretende aprofundar o movimento e alguns investidores compraram sua ideia de credenciar estabelecimentos como pontos de retirada de pedidos online. Mais especificamente, 98 futuros sócios.
A startup de logística para e-commerces acabou de receber 1,2 milhão de reais por meio do equity crowdfunding, um investimento 100% digital em negócios inovadores em troca de participação. O negócio anunciou sua proposta por meio da plataforma Eqseed e trocou 22,5% de equity pelos aportes de 98 investidores, a um ticket médio de 12 mil reais.
A plataforma já mediou 12,5 milhões de reais em investimentos desde o início da operação, no final de 2015, e possui 700 investidores ativos. Até o final do ano, a Eqseed espera atingir a marca de 18 milhões de reais aportados. Vale lembrar que o investimento por equity crowdfunding não se reflete em ações preferenciais – quem aporta não pode assumir decisões da empresa, mesmo com muita participação.
Não é a primeira vez que a Pegaki aposta no equity crowdfunding. No final de 2017, a startup já havia captado 360 mil reais de 33 investidores, em troca de 12% de participação no negócio. “Tivemos experiências bem positivas de agilidade e desburocratização – o contrário de quando fomos procurar um investimento-anjo. A Eqseed cuidou da parte de documentação”, explica o cofundador João Cristofolini.
Ainda mais anteriormente, a Pegaki recebeu 100 mil reais enquanto estava na aceleradora Cotidiano, de Brasília. O total de investimentos captados, portanto, já passa de 1,6 milhão de reais.
Como funciona?
Os empreendedores João Cristofolini, Ismael Costa e Daniel Frantz fundaram a Pegaki no final de 2016. Criada em Joinville (Santa Catarina), o negócio surgiu inicialmente com a necessidade de atender à demanda de Frantz, que tinha um e-commerce e muitos problemas para lidar com insucesso de entregas e a logística reversa de devoluções.
De acordo com Cristofolini, esse é o obstáculo de muitos. Cerca de 20 milhões de pedidos online por ano teriam insucesso em suas entregas – pelos destinos estarem em área de risco ou os solicitantes não estarem em casa no momento, por exemplo. A logística reversa – entregar um produto de volta à loja – é outro grande problema, com dependência total em uma única empresa: a estatal Correios. “Somos uma espécie de Correios privados, com melhor experiência. Temos pontos de retirada que operam 24h, por exemplo.”
20 grandes e-commerces – como Carrefour, Dafiti e Wine – contratam a Pegaki para direcionar entregas a um de seus 500 pontos de retirada nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Blumenau, Salvador, Brasília, Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá e Curitiba. Esses pontos são estabelecimentos comuns, que não precisam investir em infraestrutura para as entregas, como armários. O consumidor vê qual o estabelecimento listado mais próximo de sua residência e pede para retirar o produto lá.
No modelo de negócios da Pegaki, varejistas reduzem complicações logísticas em troca de 1,50 a 1,20 reais por encomenda. Enquanto isso, o ponto de retirada ganha maior tráfego de pessoas. Por fim, o usuário final não paga a taxa de frete e nem precisa esperar diversos dias para ter seu produto em mãos.
Esse é um mercado que começou a engatinhar no Brasil, com redes como o Magazine Luiza inaugurando pontos de retirada do e-commerce em suas próprias lojas. Por aqui, 20% das empresas que contam com loja virtual e física já oferecem esse modelo.
O modelo mais avançado, de ter diversos pontos de retirada não associados ao e-commerce, é praticado lá fora pela gigante Amazon e pela francesa Kiala, a maior inspiração da Pegaki. Segundo a startup, China, EUA e Europa somaram cerca de 40 mil pick-up points e uma média de 300 mil pacotes por dia no ano de 2017, o que significou 40% das compras online.
Números e próximos passos
O atual aporte, de 1,2 milhão de reais, deverá ser usado nos próximos 18 meses. O objetivo é dobrar a equipe, de dez para 20 funcionários, com foco nas áreas de comercial, marketing e tecnologia.
Outra meta é escalar a solução: os 500 pontos de retirada devem dobrar e o número de entregas deve ir de 20 mil para 60 mil até o final de 2019. Quando a data chegar, a Pegaki considera uma nova rodada de investimento, desta vez com fundos. Com base nos movimentos das gigantes do e-commerce, a retirada física dos produtos digitais é um mercado que ainda pode ser muito explorado.
Fonte: Exame
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