Se você pedir para uma criança desenhar um presidiário trabalhando, é bem possível que receba de volta a ilustração de um homem com roupas listradas, uma bola de ferro presa ao pé, e uma picareta na mão, para ele quebrar pedras. Isso hoje. Daqui a alguns anos, é capaz que o desenho seja só de alguém na frente de um computador. É isso que vai acontecer se empresas como a finlandesa Vainu se multiplicarem.
A Vainu (que significa “nariz”, em finlandês) tem como objetivo farejar vagas de emprego. Um sistema de inteligência artificial gira a internet procurando artigos com ofertas de trabalho, e os reúne para os clientes da startup. Muito prático, mas só quando a inteligência artificial se torna, bem, inteligente. Enquanto isso, a parte chata fica é com os humanos mesmo. Eles têm que fazer um papel de treinador, e ensinar a máquina a trabalhar – e é aí que entram os presidiários.
O problema está nas desambiguações. Para a máquina é muito complicado diferenciar se um texto fala, por exemplo, sobre uma vaga de emprego na Pernambucanas, ou se ele está simplesmente citando um conjunto de mulheres que nasceram em Pernambuco.
Para ajudá-la a entender, milhares de arquivos são submetidos ao sistema. Um humano tem que categorizar quais são os textos de referentes à loja, e quais dizem respeito às moças de Recife. Depois de algumas centenas de exemplo, a máquina começa a conseguir diferenciar um contexto do outro, sem precisar de uma pessoa por trás.
Eis que a Vainu fez uma parceria com Agência de Sanções Criminais da Finlândia, o órgão público que controla as prisões por lá. Agora, duas penitenciárias possuem detentos trabalhando nessa categorização.
São cerca de 100 prisioneiros que passam algumas horas do dia lendo relatórios e trabalhando na desambiguação. Conforme as tarefas são completas, a Vainu paga a Agência de Sanções pelos serviços prestados, e parte desse valor é repassada para o preso.
Os valores e proporções que chegam aos trabalhadores não foram divulgados. O montante, no entanto, deve ser inferior à R$ 8 por hora (valor médio pago para quem faz esse tipo de serviço sem intermédio do governo).
A medida tem sido visto como controversa por especialistas. “Nós temos um discurso de que Inteligência Artificial é muito legal, e isso consegue mascarar formas bem antigas de exploração do trabalho, como acontece nas cadeias”, afirmou ao site The Verge , Lilly Irani, a professora de comunicação na Universidade da Califórnia.
Apesar de envolver startups e AI, o trabalho dos presos não os capacita com novas técnicas, para que eles se insiram novamente na sociedade já na realidade das empresas digitais. Para realizar a tarefa, o prisioneiro apenas se debruça na frente de um computador e cataloga uma série de textos. É um trabalho mecânico, que faz um software ficar mais inteligente, não ele. “Estão se aliando à movimentos sociais, reduzindo isso à uma tendência, e usando isso para vender Inteligência Artificial”, completa Irani.
Fonte: Uol
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