Drone Control startup

Cancelar totalmente a comunicação entre um piloto e um drone que sobrevoar uma propriedade sem autorização. A cena que lembra filmes de ficção científica é uma realidade para a Drone Control. A empresa, especialista em interceptação desses equipamentos, iniciou as atividades em fevereiro e já conta com aeroportos e empresas como clientes.

A companhia, de Campinas, no interior de São Paulo, é uma spin-off da Neger Telecom, que desenvolve produtos e serviços para a área de telecomunicações. A empresa mãe investiu cerca de R$ 400 mil para o projeto dar os próprios passos.

Para o professor de economia da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (FCA Unicamp) Marcos Barbieri, o mercado em que a startup atua é promissor e cresce exponencialmente, assim como a indústria nacional de drones. O acadêmico explica que há 10 anos, a demanda era muito concentrada no segmento militar. Hoje “já se difundiu” para vários outros segmentos, como o agronegócio.

Barbieri destaca que entre os potenciais problemas dos clientes da Drone Control está a pilotagem recreativa. “As pessoas não entendem o risco de entrar em locais que não deveriam. Elas utilizam as aeronaves como um balão, por exemplo, colocando em risco aeroportos, refinarias e outras empresas.”

Segundo um levantamento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), até julho de 2018, cerca de 43.549 pessoas registraram a posse de drones no Brasil. Sendo que, aproximadamente, 31.400 dos equipamentos cadastrados são para o uso recreativo.

“O crescimento da quantidade de drones no Brasil faz com que a startup tenha uma grande área de atuação. Além disso, fomenta o interesse de apoiadores tanto na área de pesquisa quanto de investimento”, avalia o professor da Unicamp.

O sistema da Drone Control identifica e rastreia aeronaves em raio de até 7 quilômetros a partir de sensores instalados nos locais monitorados. Esta capacidade atraiu os olhares de empresários e, em sete meses, já figuram entre seus clientes aeroportos, mineradoras, condomínios de luxo, empresas de logística e armazéns com cargas valiosas. A empresa não revela quais são os clientes.

No primeiro semestre deste ano, a companhia foi acelerada no Brink’s Up, da empresa norte-americana de segurança Brink’s, e recebeu aporte de R$ 160 mil. Atualmente, monitora duas unidades da Brink’s no Brasil, em São Paulo e Pernambuco.

Após a Neger Telecom começar a apoiar pesquisas acadêmicas na área de radiocomunicação e drones, identificou um grande potencial no segmento, explica o cofundador da Drone Control e diretor de engenharia da Neger, Eduardo Neger.

Os resultados das pesquisas, que foram apoiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Cnpq), deram origem ao sistema da startup. Entretanto, para não deixar o produto se tornar somente um serviço perdido dentro do portfólio da Neger, o cofundador resolveu criar uma empresa independente. “Notamos que o mercado era outro e que tinha demanda, então valeu a pena separar o projeto.”

Após instalar sensores nos locais, a startup envia os dados da monitoração para a sala de controle da empresa. Em caso de invasão, os contratantes recebem avisos por mensagem em celular ou e-mail. Ainda, se o piloto estiver dentro do raio monitorado, é possível identificar a sua localização. O cliente consegue acessar as informações por qualquer dispositivo com acesso à internet.

Além disso, por meio de uma tecnologia que bloqueia sinais de radiocomunicação, que faz com que o piloto perca o controle sobre a aeronave remotamente tripulada, é possível interceptar os equipamentos.

Para contratos anuais, são oferecidos quatro pacotes diferentes de serviços. As opções variam em preços e apresentam quantidades diferentes de utilidades. O mais barato é a detecção e rastreamento de drones em um raio de até 2 km com envios de alertas. A mensalidade é de, aproximadamente, R$ 3,9 mil.

Por R$ 7,9 mil mensais, o serviço inclui a detecção e rastreamento de aeronave e piloto em um raio de até 7 km. Também são incluídos os serviços de captação do número de registro do drone, que permite a identificação do comprador, e o bloqueio de sinais de radiocomunicação. “Levando em consideração que temos clientes grandes, como aeroportos e mineradoras, o custo de ter o serviço é barato”, diz Neger.

A companhia também presta serviços pontuais e com períodos flexíveis, como em grandes eventos. Neste modo, não há preços estabelecidos, varia conforme as utilidades solicitadas e o tempo de duração.

Vestibulares

A Drone Control também oferece o Expectra. Com tecnologia semelhante ao sistema de detecção de drones, a startup monitora vestibulares e concursos públicos. O serviço identifica se algum dos candidatos está utilizando telefone celurare no momento da prova.

Em 2017, a empresa fez um projeto piloto na Unicamp. “Este ano, monitoramos um vestibular no interior de São Paulo e, até dezembro, temos acordo fechado de acompanhar mais duas instituições”, destaca Neger, sem informar quais serão os locais.

Fonte: DCI

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