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O maior problema das grandes empresas não é elaborar uma brilhante estratégia contra a concorrência ou manter os controles contábeis em dia. Por incrível que pareça, o calcanhar de Aquiles das corporações é dar benefícios que os funcionários realmente achem valiosos.

É o que dizem nove mil executivos, após lerem 32 mil avaliações e elaborarem o ranking 100 Open Startups 2018. A iniciativa premia os negócios inovadores mais atraentes para 800 grandes empresas, conectadas a 4.600 startups.

A vencedora do desafio foi a Allya, um aplicativo de descontos personalizados para cada funcionário – acabando com benefícios bons para uns, mas inúteis para outros.

A startup se coloca como uma grande “rede colaborativa”. A descrição é enigmática, mas já conquistou empresas como Accenture e Kroton. Com 21 mil estabelecimentos oferecendo promoções para 230 mil funcionários cadastrados.de 500 empresas, a Allya faturou um milhão de reais em 2017. Neste ano, quer triplicar o valor arrecadado.

Como funciona?

Os empreendedores Gustavo Antonelli, Marco Ferelli e Rogério Nogueira perceberam na prática como é difícil para uma grande empresa criar benefícios personalizados aos funcionários. A área de RH da empresa onde Ferelli trabalhava, restrita a diversos processos e legislações, passava semanas para negociar benefícios com algum estabelecimento próximo.

O sócio presenciou a conversa de funcionários com os gestores de recursos humanos e percebeu erros dos dois lados. Enquanto o RH não pensava em soluções para a demora nas parcerias, os empregados desconheciam os acordos já firmados pela empresa – e os benefícios que possuíam.

A Colaboradores nasceu em 2015, após entrevistas com 150 profissionais de recursos humanos sobre suas dores e possíveis soluções. Eles queriam um serviço que poupasse tempo e, ao mesmo tempo, desse benefícios de forma personalizada aos empregados, com fácil acesso e divulgação das benesses.

Após um investimento-anjo de 250 mil reais, nasceu um aplicativo para smartphones que divulga quinzenalmente as melhores promoções para cada funcionário da empresa. São usados tanto dados de geolocalização quanto um algoritmo próprio da startup, alimentado por informações fornecidas pelo próprio usuário.

Um diretor de uma grande empresa, por exemplo, recebe promoções em restaurantes mais requintados do que um analista júnior. É possível indicar estabelecimentos para se juntar à plataforma, e é nesse sentido que a startup afirma ser uma “rede colaborativa” – os próprios usuários ajudam a expandir o serviço e “fazer o salário das pessoas render mais.”

O negócio mudou recentemente seu nome para Allya – a ideia é remeter a uma iniciativa “aliada” dos funcionários. Concentra hoje 21 mil estabelecimentos com promoções de diversos tamanhos em diversos serviços, como academias, e-commerces, escolas de idiomas, cursos de MBA, estacionamentos, lojas de presentes, postos de gasolina, restaurantes e salões de beleza. Os descontos podem ir de 10% (restaurantes) até 87% (remédios). Alguns estabelecimentos listados são Cinemark, Cultura Inglesa, Drogaria São Paulo, Estácio, Farmais, Flores Online, Imaginarium, Movida, Netshoes, Onodera Estética e Petz.

Um funcionário com salário de 1 920 reais economiza, em média, 215 reais pela Allya. Quem tem um poder aquisitivo maior e pede desconto em um curso, por exemplo, pode economizar mais de 300 reais todos os meses.

Um grande diferencial da startup em relação aos benefícios comuns é que os empregados não possuem apenas um ou outro desconto, mas podem escolher qual benefício é o mais atraente em cada momento de vida. Por meio do próprio smartphone, podem conhecer vantagens e receberem alertas personalizados. Hoje, a startup possui 230 mil usuários cadastrados.

Segundo Nogueira, um dos sócios da Allya, outro elo beneficiado da cadeia são os estabelecimentos, fomentando o empreendedorismo de bairro. “Eles conseguem ser encontrados com mais facilidade e fidelizar clientes recorrentes e economicamente ativos, que costumam estar próximos. Não há custos como impressão de panfletos, que podem chegar às mãos de qualquer pessoa.”

A startup não cobra desses parceiros – além da margem que eles perdem nas promoções, claro, que variam de acordo com o estabelecimento (taxas menores de matrícula, preços baratos em horários ociosos, entre outras ações).

A Allya ganha dinheiro das corporações interessados em beneficiar seus funcionários de forma flexível e personalizada, com um custo por empregado que vai de centavos (no caso de negócios com milhares de membros) até 15 reais (no caso de empresas com até 20 membros). São 500 empresas contratantes, como Accenture, Kroton e a Cooperativa do Pão de Açúcar.

Planos

Em 2017, o negócio faturou um milhão de reais – cinco vezes mais do que o visto em 2016. Para este ano, a meta é alcançar três milhões de reais. A startup quer investir ainda mais nos dados coletados dos perfis, personalizando as melhores ofertas por meio de inteligência artificial. Assim que o funcionário entrar no aplicativo da Allya, verá apenas as promoções mais relevantes. O sistema de AI foi lançado na semana passada e passará por testes até o fim deste ano.

A startup não descarta o aporte de um fundo de investimento para acelerar tais planos – ter seus 32 funcionários no Cubo, espaço de coworking do Itaú Unibanco, contribui para o contato com possíveis aportadores. Ser considerada a startup mais atraente para as grandes empresas é, claro, outro grande impulso para a Allya. E para mais descontos, esperam funcionários.

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